sexta-feira, 23 de março de 2012

Reflexos da desigualdade social no transporte coletivo


Quantas vezes já nos deparamos com uma situação como esta dentro do ônibus: durante a viagem, depois de um longo e exaustivo dia de trabalho, a tranquilidade é interrompida por um jovem que está antes da catraca pedindo para que paguem a sua passagem, pois o mesmo não possui dinheiro e gostaria de ajudar na divulgação de seu "trabalho". Depois de muita insistência, alguma alma caridosa finalmente resolve atender aos apelos e paga a passagem. Já após a catraca, o jovem pede desculpas pelo incômodo e começa a contar sua história de vida, não muito diferente da vida de milhões de brasileiros, e apresenta o produto que gera a sua renda diária: pastilhas de menta. 
Ele pede para que cada passageiro possa segurar as pastilhas, em uma tentativa na qual, uma vez na mão do cliente, irá tentá-lo e lhe convencer a comprar através da observação do produto. Como muitos usuários já estão habituados com a situação, alguns não preferem segurar, mas é intimidado pelo jovem ambulante, não regularizado, a segurar mesmo que não queira. Em seguida ele passa novamente de passageiro em passageiro recolhendo as pastilhas e algumas moedas.

Em terminais de ônibus a realidade não é muito diferente. Pedintes que vão de fila em fila suplicando por moedas de qualquer valor para ajudar no tratamento de alguma doença, realização de cirurgias ou ajudar com a comida dos filhos em casa. Cenas cada vez mais comuns de se ver nas grandes cidades.

É fato que isso gera um desconforto entre os usuários de transporte coletivo. Afinal, ninguém quer ter seu sossego, mesmo que pareça utópico no agito das metrópoles, interrompido por qualquer motivo. Além do mais, não é permitido vender qualquer tipo de produto em coletivos. Mas estes pedintes ou ambulantes possuem alguma culpa no cartório? Certamente que não. Ninguém tem como visão de futuro vender balas ou pedir esmolas. 
São muitos os fatores que levam vários brasileiros a recorrerem a estas práticas. Falta de emprego, equipamentos de saúde públicos sucateados e sem estoque de medicamentos, omissão dos governos em adotarem políticas públicas que visem beneficiar os menos favorecidos, entre outros. Na atual situação em que nos encontramos, que já foi pior mas que ainda precisa melhorar mais ainda, o desafio tende a ser mais árduo perante a nossa presidente, que desde o início de seu mandato afirma que um "país rico é um país sem pobreza". Esperamos realmente que um dia seja realidade em nossa nação.

Também desejamos que, futuramente, os mesmos cidadãos que hoje em dia sobrevivem da caridade dos usuários de ônibus possam entrar no mercado de trabalho, ter atendimento de qualidade e eficiência nos equipamentos públicos, e da próxima vez que entrar em um coletivo será para ir ou voltar de seu emprego, com o sentimento de orgulho por viver em um país mais justo, mais igual, mais humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário