Cada vez mais as mulheres vêm tomando espaço em profissões tradicionalmente masculinas e se destacando pela excelência de seu desempenho. No transporte urbano, por exemplo, já não causa estranheza a presença de mulheres trabalhando à frente do volante, seja no transporte escolar, nos táxis, nos caminhões ou nas empresas de ônibus. O que surpreende é a velocidade com que elas vêm tomando esses espaços. Delicadeza, paciência e cuidado são alguns dos diferenciais apontados por quem as contrata.
A Metra, empresa concessionária do Estado de São Paulo, responsável pela operação do Corredor ABD, que liga os bairros paulistanos de São Mateus e Jabaquara, passou a contratar mulheres para dirigir seus ônibus em 2007. No início, eram apenas quatro e hoje já são 23 profissionais femininas, entre os cerca de 450 motoristas da empresa.
Marco Antonio Florêncio da Silva, supervisor dos motoristas da Metra, afirma que essa conquista é mérito das próprias mulheres e também de uma gestão que realmente valoriza o potencial feminino. “As mulheres são mais delicadas, nunca respondem com agressividade e o relacionamento com o usuário é muito melhor. Sobre elas, não recebemos reclamações, apenas elogios”, comenta.
Ele lembra que, no início, os motoristas estranharam e até tentaram desqualificá-las, mas com o tempo, a constatação de que elas não se envolviam em acidentes e não geravam reclamações dos usuários foi suficiente para que passassem a admirá-las, “com todo o respeito”, faz questão de frisar. “Hoje, as motoristas são super bem aceitas pelos homens. Eles reconhecem suas qualidades, especialmente no trato com os passageiros. Nossas colegas convenceram a todos pelo trabalho bem feito”, comenta o supervisor.
Fátima Regina de Gouveia, 37 anos, casada, não tem na família nenhuma outra mulher motorista profissional, mas conta que sempre gostou de dirigir. Formou-se professora, chegou a dar aulas, mas sonhava com a possibilidade de pilotar um ônibus. Motorista profissional há 12 anos, está há dois anos na Metra, onde conduz o primeiro carro da linha 287 do Corredor ABD. Ela parte às 3h30 da garagem e retorna às 11h30 todos os dias, com folga aos sábados ou aos domingos, em meses alternados. O horário permite que ela almoce com seu filho de sete anos, acompanhe seu desempenho na escola e descanse para encarar a faculdade de Psicologia, às 19 horas. A rotina puxada, como a de qualquer outra mulher moderna, não a desanima, pelo contrário. “Nunca imaginei que estaria tão feliz e realizada com tudo o que conquistei sendo motorista. Mas quero crescer e meu sonho é me formar psicóloga para trabalhar com meus colegas aqui na Metra”, conta ela.
Fonte: Fator Brasil
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