sábado, 14 de abril de 2012

Conforto Urbano: População de Fortaleza sofre com a falta de estrutura das paradas de ônibus


Usuários do transporte público de Fortaleza reclamam da falta de estrutura das paradas e dos veículos urbanos

Para quem não tem a sorte ou condições de ter um carro, utilizar o transporte público para ir ao trabalho ou ao colégio pode ser um teste de paciência. Além disso, as más condições de algumas paradas de ônibus e a falta de segurança de quem tem que ficar no meio da rua aguardando os veículos, geralmente lotados, afligem usuários que, muitas vezes, se sentem maltratados com a falta de estrutura deste setor altamente demandado pela população cearense.
O que era para ser apenas mais uma etapa da vida cotidiana dos trabalhadores e estudantes, o caos do trânsito, a desorganização operacional e a falta de educação de grande parte dos usuários acabam tornando “as viagens” um grande vilão no que diz respeito à qualidade de vida.

A estudante Erilane Martins é uma das que sofre, diariamente, com a falta de estrutura do transporte público. Esperando a condução, há mais de 20 minutos, em uma parada lotada, localizada na Avenida Alberto Sá, no bairro Papicu, revelou que chega na aula cansada e sentindo muita dor nas costas. Erilane precisa pegar três ônibus para chegar ao seu destino no centro de Maracanaú.

“Todos os dias eu passo por um martírio. São mais de duas horas de ônibus, em veículos lotados e bancos duros. Geralmente as paradas estão lotadas e tentar entrar no ônibus é um desafio. A falta de respeito dos próprios usuários também dificulta entrar no ônibus.

As pessoas empurram umas as outras e se você não tomar cuidado pode acabar caindo. Não sei dizer se o problema é a pouca quantidade de ônibus. Mas acho que a falta de educação de algumas pessoas contribui muito para isso”.
A vendedora Tereza Maciel também não está feliz com as condições do transporte público cearense. Segundo ela, as paradas de ônibus não oferecem segurança e o risco de assalto em alguns locais é iminente. “Aqui na Alberto Sá nunca fui assaltada, mas já vi outras pessoas passando por isso. Ficamos muito expostos as ações dos marginais. Fico o tempo todo de olho na minha bolsa para não correr o risco de perdê-la”.

Fora e dentro dos ônibus
Se a situação é complicada mesmo antes de entrar nos veículos públicos, o cenário fica ainda pior dentro dos ônibus, principalmente, nos horários de pico. O pedreiro Francisco Oliveira explicou que já chega cansado no trabalho. Morador do Planalto Pici, Francisco leva cerca de uma hora para chegar ao Papicu, percurso feito geralmente em ônibus lotados.

"Saio de casa por volta das cinco horas. Se dou sorte de pegar os primeiros ônibus dá para fazer a viagem sentado, mas se me atrasar uns 10 minutos já tenho que ir em pé. Quando isso acontece chego no trabalho muito cansado. Pior ainda é a volta. Não tem como pegar ônibus vazio. Até o terminal é tranquilo, lá é que a coisa piora. Quando chego em casa, só consigo tomar banho, jantar e ir dormir para começar tudo de novo".
Apesar do índice de poluição cearense estar muito abaixo de cidades de grande porte como São Paulo, a fumaça emitida pelos veículos pode colocar a saúde do usuário em risco. Isso é o que acontece com a vendedora ambulante Maria Francisca da Silva. Ela relatou que muitas vezes, enquanto espera o ônibus nos terminais, sente-se incomodada com a fumaça expelida pelos escapamentos dos veículos. \"Na rua não sinto muito, mas nos terminais, geralmente, sinto meus olhos arderem e muita vontade de tossir. Sem falar do cheiro de fumaça que fica na roupa\". .

Modelo nacional
O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Ademar Gondim, explicou que atualmente existem, na Capital, 380 abrigos metálicos e 700 de concreto. Segundo ele, em julho de 2008, a Prefeitura de Fortaleza realizou uma licitação para a construção de mais mil paradas metálicas. Entretanto, um problema licitatório referente à publicidade dos abrigos fez com que a aquisição fosse impedida judicialmente.

Com relação às condições das paradas já existentes, ele revelou que a Prefeitura em parceria com a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC), realizam, rotineiramente a recuperação e pintura dos abrigos, através de manutenções programadas. Contudo, quando é verificado algum problema fora do período de conserto, as Secretarias Regionais são avisadas e realizam os trabalhos de recuperação.
Média de idade baixa
De acordo com o presidente da Etufor, a frota de ônibus fortalezense é uma das mais novas do País, apresentando, em média, 4,2 anos de uso. Ademar ressaltou ainda que os 1.792 ônibus e as 320 vans que circulam na Capital são rotineiramente vistoriados e, aqueles que apresentam qualquer irregularidade, são retirados das ruas. Segundo ele, uma licitação que está sendo realizada pela Prefeitura promete diminuir ainda mais a idade média dos veículos públicos.
"Fortaleza é um dos principais modelos de transporte público do País. O número da frota, atualmente, é adequado, o principal problema é a lentidão das viagens. Mas isso é um problema de tráfego observado nas principais capitais do Brasil. Estamos trabalhando para criar faixas prioritárias nos principais corredores de Fortaleza para diminuir o tempo do percurso da frota\", emendou ele, salientando que cerca de 1,3 milhão de pessoas utilizam o transporte público diariamente.
Fonte: O Estado

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