Em Fortaleza, os "balões", reflexos de um trânsito complicado, não diminuem os congestionamentos
Teoricamente, as rotatórias servem como um divisor de fluxo que permite maior trafegabilidade aos veículos. Em Fortaleza, porém, não é assim. Na prática, elas estão associadas a vários problemas. Engarrafamentos, confusão, desrespeito às leis de trânsito e acidentes são alguns deles. Os mesmos transtornos das vias comuns se repetem nesses "balões", que parecem estar prestes a estourar.
Da cobertura de um prédio da Avenida Aguanambi, às 17h30, é possível ver um cenário caótico sendo formado na rotatória que existe naquela via. À medida que o ponteiro do relógio avança, carros, motos, ônibus e caminhões aparecem de todos os lados para compor a ensurdecedora e estressante sinfonia das buzinas e motores. A sensação é de que existem muitos veículos para pouco espaço e que, no futuro, com uma frota ainda maior, o quadro se agravará mais.
Acidentes
A rotatória da Aguanambi é problemática de nascença. Em 2008, para tentar diminuir os congestionamentos e os acidentes, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) implantou quatro semáforos. No entanto, os problemas permanecem. "Não tem uma semana que não aconteça acidente aqui. É carro demais", afirma o vendedor de flanelas Antônio de Sousa, 44, que se arrisca em meio ao trânsito numa cadeira de rodas.
Quem vem da BR-116 para pegar a Aguanambi, por exemplo, precisa ter muita paciência. Mesmo com o sinal verde, os motoristas não conseguem prosseguir, pois os veículos que dobram em direção à Avenida Eduardo Girão formam uma barreira. Eles ficam esperando a liberação de um outro sinal. O descompasso dos semáforos é apontado pelos condutores como algo que deixa a situação pior.
Desrespeito
Já quem vem da Eduardo Girão, em direção à rotatória, na maioria das vezes, não respeita a preferencial daqueles que já estão no círculo. Um círculo de fogo, bastante perigoso, pois não é preciso passar mais do que dez minutos no lugar para notar as freadas bruscas e os riscos de acidentes devido à vontade intensa de chegar na frente.
Por um instante, até parece que os condutores desejam refutar a teoria de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
Se, por um lado, a desarmonia dos semáforos não ajuda os motoristas, por outro, quem está no veículo não contribui para a travessia dos pedestres na faixa. Atravessar com o sinal amarelo é o mesmo que pedir para ser vítima de atropelamento.
Até com o sinal vermelho, é possível notar a falta de respeito por parte de alguns, que não são daltônicos, mas aproveitam a inexistência de um fotossensor para quebrar as regras. "Há um mês, tentei passar de bicicleta pela faixa de pedestres para pegar a ciclovia. O sinal já estava vermelho, mas o motorista passou e bateu em mim. Por sorte, ele não vinha em alta velocidade e deu tempo de eu pular da bicicleta. Poderia ter sido mais grave. Deveria ter mais fiscalização aqui", fala o servente Messias de Sousa, 30.
Os problemas são semelhantes nas rotatórias do Estádio Castelão e da Praça Portugal. Nestas, a quantidade de veículos trafegando também é grande e não há semáforos, o que aumenta os riscos de acidentes, principalmente nos horários de pico.
Na primeira, os congestionamentos acontecem por conta do grande fluxo nas avenidas Alberto Craveiro, Paulino Rocha e Dedé Brasil. Na segunda, os veículos vêm das avenidas Dom Luís e Desembargador Moreira.
A lojista Leuda Santos, 20, conta que se arrisca diariamente para atravessar a rotatória da Praça Portugal. "Agora, por exemplo, no começo da noite, é desse jeito. Se você não resolve correr e enfrentar os carros, você demora uns 15 minutos para atravessar. A Prefeitura deveria implantar semáforos aqui também para melhorar a vida dos pedestres que sofrem todos os dias", reclama Leuda.
Fonte: Diário do Nordeste
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