terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Rotatórias: solução ou problema?


Em Fortaleza, os "balões", reflexos de um trânsito complicado, não diminuem os congestionamentos

Teoricamente, as rotatórias servem como um divisor de fluxo que permite maior trafegabilidade aos veículos. Em Fortaleza, porém, não é assim. Na prática, elas estão associadas a vários problemas. Engarrafamentos, confusão, desrespeito às leis de trânsito e acidentes são alguns deles. Os mesmos transtornos das vias comuns se repetem nesses "balões", que parecem estar prestes a estourar.

Da cobertura de um prédio da Avenida Aguanambi, às 17h30, é possível ver um cenário caótico sendo formado na rotatória que existe naquela via. À medida que o ponteiro do relógio avança, carros, motos, ônibus e caminhões aparecem de todos os lados para compor a ensurdecedora e estressante sinfonia das buzinas e motores. A sensação é de que existem muitos veículos para pouco espaço e que, no futuro, com uma frota ainda maior, o quadro se agravará mais.

Acidentes

A rotatória da Aguanambi é problemática de nascença. Em 2008, para tentar diminuir os congestionamentos e os acidentes, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) implantou quatro semáforos. No entanto, os problemas permanecem. "Não tem uma semana que não aconteça acidente aqui. É carro demais", afirma o vendedor de flanelas Antônio de Sousa, 44, que se arrisca em meio ao trânsito numa cadeira de rodas.

Quem vem da BR-116 para pegar a Aguanambi, por exemplo, precisa ter muita paciência. Mesmo com o sinal verde, os motoristas não conseguem prosseguir, pois os veículos que dobram em direção à Avenida Eduardo Girão formam uma barreira. Eles ficam esperando a liberação de um outro sinal. O descompasso dos semáforos é apontado pelos condutores como algo que deixa a situação pior.

Desrespeito

Já quem vem da Eduardo Girão, em direção à rotatória, na maioria das vezes, não respeita a preferencial daqueles que já estão no círculo. Um círculo de fogo, bastante perigoso, pois não é preciso passar mais do que dez minutos no lugar para notar as freadas bruscas e os riscos de acidentes devido à vontade intensa de chegar na frente.

Por um instante, até parece que os condutores desejam refutar a teoria de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço.

Se, por um lado, a desarmonia dos semáforos não ajuda os motoristas, por outro, quem está no veículo não contribui para a travessia dos pedestres na faixa. Atravessar com o sinal amarelo é o mesmo que pedir para ser vítima de atropelamento.

Até com o sinal vermelho, é possível notar a falta de respeito por parte de alguns, que não são daltônicos, mas aproveitam a inexistência de um fotossensor para quebrar as regras. "Há um mês, tentei passar de bicicleta pela faixa de pedestres para pegar a ciclovia. O sinal já estava vermelho, mas o motorista passou e bateu em mim. Por sorte, ele não vinha em alta velocidade e deu tempo de eu pular da bicicleta. Poderia ter sido mais grave. Deveria ter mais fiscalização aqui", fala o servente Messias de Sousa, 30.

Os problemas são semelhantes nas rotatórias do Estádio Castelão e da Praça Portugal. Nestas, a quantidade de veículos trafegando também é grande e não há semáforos, o que aumenta os riscos de acidentes, principalmente nos horários de pico.

Na primeira, os congestionamentos acontecem por conta do grande fluxo nas avenidas Alberto Craveiro, Paulino Rocha e Dedé Brasil. Na segunda, os veículos vêm das avenidas Dom Luís e Desembargador Moreira.

A lojista Leuda Santos, 20, conta que se arrisca diariamente para atravessar a rotatória da Praça Portugal. "Agora, por exemplo, no começo da noite, é desse jeito. Se você não resolve correr e enfrentar os carros, você demora uns 15 minutos para atravessar. A Prefeitura deveria implantar semáforos aqui também para melhorar a vida dos pedestres que sofrem todos os dias", reclama Leuda.
Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário