sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Para especialista, Kassab privilegia transporte individual


Promessa de 66 km de corredores de ônibus não foi cumprida e uma das principais ligações da cidade foi abandonada
Ônibus são obrigados a enfrentar longas filas nos poucos corredores de ônibus da cidade de São Paulo, vários mal planejados, não permitindo pontos de ultrapassagem, pagamento da tarifa antes do embarque e acesso facilitado para portadores de necessidades especiais, o que ainda torna as viagens de ônibus demoradas. Foto: Hélvio Romero – Agência Estado Mapa dos principais corredores de ônibus da cidade que se fossem bem feitos poderiam deixar as viagens neste tipo de transporte público mais ágeis e interessantes fazendo com que as pessoas deixem o carro em casa. Extensão dos corredores é bem abaixo das necessidades da população. Gilberto Kassab não cumpriu sua promessa de entregar 66 km de corredores de ônibus e abandonou projetos considerados importantes, como o corredor da Avenida Celso Garcia. Para o mestre em transportes da USP, Horário Figueira, a avenida necessita de um corredor e a desculpa pelo abandono do projeto alegando que uma linha de metrô vai servir a região, é Balela"
É consenso! Para melhorar a qualidade de vida nas cidades e ter bons resultados econômicos sem desperdiçar dinheiro em congestionamentos e problemas de saúde ocasionados pela poluição, a melhor forma é deixar de privilegiar o transporte individual e investir no transporte coletivo, o que inclui a melhoria e ampliação na oferta dos diversos modais possíveis, como ônibus e metroferroviários.
O que parece óbvio não é seguido por muitas administrações, em especial a da cidade que possui a maior frota de carros e de ônibus do País.
Neste sábado, o Portal R 7, do Grupo da Rede Record, faz um balanço da administração de Gilberto Kassab quanto ao tema.
O prefeito não entregou um centímetro sequer dos 66 quilômetros de corredores de ônibus, o que seria de competência do poder público municipal e pior, abandonou um dos principais projetos de corredores que agilizaram as viagens de boa parte da população da cidade em pouco tempo de implantação, o corredor da Avenida Celso Garcia. Para especialista, desculpa que de o corredor na Celso Garcia não foi implantado por causa do projeto de metrô na região é BALELA!
CONFIRA A MATÉRIA NA ÍNTEGRA, com a opinião do mestre em engenharia de transportes da USP – Universidade de São Paulo. Horário Figueira, entre outros especialistas.
Prefeitura de SP promete 66 km de corredores
de ônibus, mas não entrega nenhum
A um ano do fim da gestão, 25 km de vias estão em licitação sem previsão de entrega
Gabriel Mestieri, do R7
Apesar de ter colocado como meta a construção de 66 km de corredores de ônibus na cidade de São Paulo até o fim de seu segundo mandato, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) não entregou nenhum quilômetro nos três anos que se seguiram a sua eleição.
A menos de um ano do final da gestão, nenhuma expansão na rede de corredores foi feita, e um dos projetos, numa das maiores avenidas da capital paulista, foi completamente abandonado.
A meta municipal para 2012 incluía um corredor de ônibus de 31 km na avenida Celso Garcia, mas a prefeitura abandonou a ideia. De acordo com a SPTrans (empresa responsável pela administração dos ônibus municipais), a prefeitura está buscando – junto ao governo federal – recursos para a construção de uma linha de metrô para atender os potenciais usuários do corredor que seria construído na avenida que liga a região central à zona leste de São Paulo.
Estudo e licitação
Além dos 31 km da Celso Garcia, os outros 35 km anunciados como meta da prefeitura estão dispostos da seguinte forma atualmente: 10 km estão em fase de estudo e 25 km, em fase de licitação.
A prefeitura não informa qual o prazo de entrega dessas obras, mas de acordo com o especialista em trânsito Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP (Universidade de São Paulo), elas só ficariam prontas ainda neste ano, último da gestão Kassab, “se fossem trazidas de Júpiter”.
Para Figueira, o ritmo lento na construção dos corredores reflete uma política que ainda privilegia o transporte individual.
- Não vejo esperança. Eles [prefeitura] não mexem uma palha para incomodar quem tem carro.
De acordo com o especialista, a justificativa da prefeitura de que em alguns locais não haverá corredor pois está planejado uma linha de metrô para o futuro, como na Celso Garcia, é “balela”.
- O pessoal da Celso Garcia está lascado [sic]. Vai ter que esperar o Metrô chegar? Não precisa, faz um corredor. Pode fazer um corredor até que o metrô inaugure. Agora você vai avisar a população que ela vai esperar dez anos [para sair o corredor], ela vai sofrer dez anos? Eu não esperaria nada.
O coordenador da ONG Nossa São Paulo Maurício Broinizi concorda com a análise de Figueira de que o transporte coletivo não é priorizado na cidade. De acordo com Broinizi, no caso específico dos corredores houve uma mudança na orientação da gestão após protestos de comerciantes.
- Chegaram a anunciar corredores, houve protesto de comerciantes e a prefeitura recuou. Ficou um vazio. Eles anunciaram que iam investir no metrô, mas a transferência de recursos que fizeram é muito insignificante [...] Achamos que não tem política clara, não tem planejamento, não tem plano de mobilidade.
Velocidade
Figueira faz ainda uma crítica aos corredores já existentes na capital paulista. Segundo ele, a velocidade reduzida com que essas vias operam atualmente é reflexo de mau planejamento. O especialista afirma que os ônibus deveriam “conversar eletronicamente com semáforos”, privilegiando a passagem dos coletivos.
- Você economiza de 20% a 30% no tempo de percurso [se essa conversa acontecer]. Mas [se isso acontecer] você vai comprometer a velocidade média do automóvel. Tem que mudar a política. É preciso incomodar quem tem carro. É preciso ver qual a prioridade, se você quer atender uma pessoa ou 20 pessoas.
TEXTO DE APRESENTAÇÃO: Adamo Bazani
MATÉRIA DO R 7: Gabriel Mestieri

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